Os limites da Igreja na Pandemia





 Os limites da Igreja nesta pandemia

Salmo 57. 1

Qual é o limite que a Igreja de Cristo deve estabelecer quanto sua interação nas questões sociais atuais? Até onde pode ou deve ir? Até onde não deve dar um só passo a mais?

Por um lado, temos o ensino de que a Igreja está no mundo para ser  luz e sal. Assim sendo, sua interação no mundo deve ser o de fazer, dentro de sua esfera de atuação, justiça social, buscando revelar a manifestação do Reino de Deus, olhando com atenção para as necessidades dos menos favorecidos contemplados nas expressões bíblicas tais como: "a causa dos orfãos e das viúvas". Se a Igreja se omitir de seu importante papel, prevalecerá a injustiça entre as pessoas. Contudo isso, é bom que se diga, que não é papel primordial da Igreja o assistencialismo.

Por outro lado, temos o contundente ensino que o povo da aliança é forasteiro em terra estranha. Somos lembrados que nossa pátria está nos céus, de onde devemos aguardar nosso Redentor.

Quando trazemos estas verdades para o contexto do momento atual que vivemos no Brasil, tendo já passado um pouco mais de um ano de pandemia, completando a horrível marca de mais de 500 mil mortos, vendo cada vez mais a polarização ideológica se acirando entre as pessoas, qual deve ser o posicionamento sadio, coerente e acima de tudo bíblico da Igreja Cristã? Como devemos nos comportar em meio a essa pandemia? Como devemos encarar esse flagelo mundial?

São muitas as indagações, mas creio que há uma resposta unificadora que responde a essas questões.

Antes de tudo, denuncio o equivoco que muitos dentro da Igreja tem cometido neste momento que vivemos no Brasil: A polarização entre o papel da Igreja nesta pandemia. E quando falo desta polarização, estou falando de como a Igreja deve encarar esta pandemia. Há os que acreditam que a Igreja deve ter um engajamento ideológico e político contrário ao atual governo, pleiteando o impedimento deste de continuar. Há também os que cegamente assumem um posicionamento de defesa do governo, por acreditar que jargões tipicamente políticos proclamados pelo presidente, tais como "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", são indicativos de que esse deve ser o lado que a Igreja deve abraçar. Diante dessa polarização, a forma que a Igreja deve encarar essa pandemia, fica ofuscada por esses posicionamentos.

Creio que a resposta a esses questionamentos é relembrarmos um conceito teológico reformado (e se digo reformado, é bom que se lembre que isso indica que tem forte amparo das Escrituras!), sobre a perspectiva cristã sobre o Reino de Deus. Esse conceito é o do "agora e o ainda não". Quando consideramos que a Igreja já vive agora o Reino de Deus, e portanto sua atuação nesta pandemia é de manifestar a justiça de Deus a favor dos necessitados, achamos em parte, qual deve ser o papel da Igreja neste momento que vivemos. Porém, devemos considerar também que a Igreja aguarda para viver o Reino de Deus plenamente, por isso ela também está na dimensão do "ainda não" do Reino de Deus. Isso deve fazer a Igreja lembrar do aspecto escatológico que faz dela a guardiã da promessa da redenção e nessa esperança ela deve saber que os acontecimentos do tempo presente, fazem parte dos decretos divinos para o fim dos tempos, que iniciara desde a primeira vinda de Cristo! 

Meu pensamento e postura sobre como devemos encarar o flagelo desta pandemia contempla um posicionamento que busca fugir desta polarização, como também busca ser mais ortodoxo ao ensino bíblico. Então, creio que é papel da Igreja fazer a justiça do Reino neste mundo. Mas creio também que a Igreja não deve esquecer que essa pandemia compõe o cenário do que a Palavra de Deus chama de calamidades, e que Deus determinou para os fins dos tempos.

 O Salmo 57. 1 diz: "Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia, pois em ti a minha alma se refugia; à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades." É neste contexto que entendo a Igreja dever fazer essa oração. Ela deve entender e assumir seu papel nesta pandemia, pois as calamidades são para todos. Ela deve, em meio as calamidades, se abrigar nas fortes "asas" de Deus, atuando como embaixadora do Reino, mas sem esquecer que um dia as calamidades vão passar e estaremos para sempre com o Senhor. 

No amor do Mestre,

Rev. Heber Lima

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